A fórmula geral do capital e as suas contradições. A força-de-trabalho como mercadoria


A fórmula geral do capital e as suas contradições. A força-de-trabalho como mercadoria

Fórmula geral do capital:
D-M-D’
D’ representa uma quantidade incrementada de dinheiro.

O capital que o capitalista adianta, isto é, que ele lança em circulação, retorna ao seu possuidor com certo acréscimo.
Enquanto na circulação de mercadorias o objectivo é a obtenção de valores-de-uso M-D-M.

Na circulação de capital (D-M-D) o objectivo é a obtenção do lucro.
Nem qualquer valor interessa ao proprietário do dinheiro.
Ele deve obter um valor maior que o inicial. Então a fórmula do capital será D-M-D’.
Só neste caso, quando o valor final é maior que o inicial, o dinheiro inicial se transforma em capital.
Este acréscimo de valor ao valor inicial chama-se mais-valia (m).
Desta forma o capital é um valor auto crescente ou um valor que produz a mais-valia (m).
Esta mais valia surge da força-de-trabalho.
A ( m )não pode surgir na circulação porque a classe dos capitalistas não pode enriquecer por conta de si mesma e deve ser realizada a troca dos equivalentes de acordo com a lei-do-valor.
Por outro lado a mais-valia não pode surgir fora da circulação porque o capitalista compra e vende, – esta é a contradição da fórmula geral do capital.
O capitalista tem que procurar no mercado uma mercadoria tal que, no processo do seu uso, crie valor – e um valor maior que aquele que ela própria possui.
Por outras palavras, o proprietário do dinheiro deve encontrar, no mercado, uma mercadoria, cujo valor de uso possua, ele próprio, a propriedade de ser fonte de valor. Esta mercadoria é a força de trabalho.
Força de trabalho como mercadoria.
Duas condições param o surgimento da força- de- trabalha como mercadoria.
1- Liberdade jurídica do proprietário da força-de-trabalho na disposição da mesma.
2- O operário deve ser privado dos meios de produção.
Estas duas condições foram criadas só no capitalismo.
Para que a força-de-trabalho seja mercadoria ela possui valor e valor-de-uso.
Valor da força-de-trabalho como mercadoria.
1- Dispêndio de tempo de trabalho socialmente necessário para a produção dos materiais de subsistência do operário e dos membros da sua família – este é o limite mínimo do valor da força-de-trabalho. Ou seja, o trabalho humano abstracto simples materializado nos bens de subsistência do operário e sua família.

“O valor da força de trabalho é determinado pelo valor dos meios de subsistência requeridos para produzir, desenvolver, manter e perpectuar a força de trabalho”

“Que é então, o Valor da Força de Trabalho? Como o de qualquer outra mercadoria, o seu valor é determinado pela quantidade de trabalho necessário para a produzir. A força de trabalho de um homem existe apenas na sua individualidade viva. Uma certa massa de meios de subsistência tem de ser consumido por um homem para crescer e manter a vida. Mas o homem, tal como a máquina, desgastar-se-á e terá de ser substituído por outro homem. Para além da massa de meios de subsistência requeridos para a sua própria manutenção, ele necessita de outro montante de meios de subsistência para criar uma certa quota de filhos que o hão-de substituir no mercado de trabalho e de perpectuar a raça dos trabalhadores…”

Karl Marx (Obras escolhidas Pág. 57 e 58)
2- Tempo de trabalho socialmente necessário à formação profissional do operário.
3- Tempo de trabalho socialmente necessário para o exercício das formações sócio culturais – este é o limite máximo do valor da força de trabalho.
Duas tendências na dinâmica do valor da força-de trabalham.
1- Para o aumento. Em resultado da luta política e económica da classe operária e suas organizações.
2- Para a diminuição. Produtividade do trabalho, grau de exploração e outras.

Valor-de-uso da força de trabalho
O valor-de-uso da força de trabalho como qualquer mercadoria, consiste na sua capacidade de produzir, no processo do seu consumo, um valor maior que o valor da força de trabalho. Quer dizer, produzir a mais-valia.
O capitalista compra a força de trabalho para criação de um valor superior ao valor da força de trabalho.

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